REMENDOS

Noite alta assinada por estrelas

em sutil tentativa de remendar

inutilidades do dia sem brilho.

Não conseguem, escondem-se

desarvoradas, no véu de nuvens.

O anjo pendente da letra

balança os pés e não voa,

espreita o céu estranho

e o vento que não faz marola.

Ao longe, o ganido de um cão

avisa a quebra do silêncio,

estilhaços no chão, laços diluídos.

Recolho as fitas, não colo os cacos,

tranço a vida em remendos vãos.

Retiro-me da janela.

16:39

08.04.2014

Dalva Molina Mansano
Enviado por Dalva Molina Mansano em 08/04/2014
Código do texto: T4761397
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2014. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.