REMENDOS
Noite alta assinada por estrelas
em sutil tentativa de remendar
inutilidades do dia sem brilho.
Não conseguem, escondem-se
desarvoradas, no véu de nuvens.
O anjo pendente da letra
balança os pés e não voa,
espreita o céu estranho
e o vento que não faz marola.
Ao longe, o ganido de um cão
avisa a quebra do silêncio,
estilhaços no chão, laços diluídos.
Recolho as fitas, não colo os cacos,
tranço a vida em remendos vãos.
Retiro-me da janela.
16:39
08.04.2014