Periférica Pessoa (O corpo Humano)

Estás pronta diante dos meus olhos

E já não sangra, nem xinga

Não tem movimento ou vida.

Estática me aguarda preciosa

Desvendando e dando um desdém de prosa

Para que eu possa me ver

E se eu morrer

E me encontrar assim contigo

Como se eu fosse um livro pronto a se abrir

Talvez eu fosse página

E não pele ou osso, esse colosso sem vergonha ou dor

Eu sou como você

Eu te vi e vendo inteira assim por dentro

Eu deixo de ser pensamento e até passou a dor

Pois tem um corpo contemporâneo ao meu

Talvez agora seja mais ateu que a própria flor

Tu és quase eu...Nem inveja nos teus olhos

E a vergonha deixa de existir.

Eu que te assisto e me insisto

Colorida como um Atlas

Decifras-me como notas musicais

Agora que eu já falei de amor.

As rugas debandadas pelo tempo

Deixou nuas as rugas invisíveis na textura

Da arquitetura eu sou todo seu.

Ou textura – esse ser!

Resta então a pergunta de onde não vens

Para onde não vais?

Não arrede o pé daqui

Que hoje eu não estou a fim de mim

Eu quero te entender por dentro

De todo o vazio que a tua veia artéria

Que eu chamo rio

Que vai levar ao mar nesse subir e descer