O QUASE SUICÍDIO

caótico,

um poeta do mundo chora

e faz um mundo de gente rir...

(das)

desgraças,

quaisquer dos passeadores pelas calçadas da vida,

assustados, agigantam seu olhar tal qual os pássaros

esmiuçados, na lágrima contida, apequenem-se!...

(incomoda)

o pé da sorte

— direito, esquerdo, de coelho —

a voz rouca da mulher

— gasta de cigarro —

que mora e descobre, ao seu lado,

todos os travos dos beijos das línguas soltas

ansiosas para morderem os fins-da-boca...

(desconcertada)

ao deslembrar o nome da primeira namorada

(traidora)

chamou-a por todos os nomes de mulheres,

quase todos, menos o próprio dela!

Perdeu-se da distancia,

na mais absoluta confusão mental;

e voltou, fundamental, só para dizer aos românticos

que nem sempre o amor é necessário,

que não é mais preciso entender a reza em latim,

que há muito álcool no vinho e bromato demais no pão...

(passageiro, passará)

amanhã saberá,

que todo o temor da vida só virá no depois.

A mulher que morou ao seu lado,

— ainda com sarro do cigarro —

preta, soluçada, de olhos presos por palitos,

assiste ao esbugalho do seu desespero-pássaro

selado pelas lágrimas secas entre as sem-pálpebras...

(silencio!)

apesar de tudo,

há muita vida no caótico poeta.

(A serenidade)

precisa acontecer para que os homens desengulam

o álcool do vinho e o bromato do pão!...