Duas republicações da primeira Escrivaninha

BEIJOS E NAVIOS

Algo em mim adoeceu porque nem sequer sinto saudades

Minha alma morreu antes do corpo, pois não queimam os beijos

Não se acendem as paixões

O vulcão das emoções dorme inofensivo

Algo em mim apodreceu e a carne não dói em angústias

O sangue talhado dos desejos em flor

Abandonados na solidão da praia

No horizonte as luzes de navios fantasmas

Guiam morcegos comedores de olhos

Os tubarões jantam cérebros

A sereia canta uma canção para atrair barcos à vela

E brincar de deixá-los correr em direção dos esgotos

Da cidade insensata

Algo em mim entrou pelo esgoto

Porque nem sequer sinto frio

TÂNIAMENESES

Enviado por TÂNIAMENESES em 10/06/2008

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GAIVOTAS E SÉCULOS

Como juntar perdidos significados

Unir as extremidades

O passado ao futuro

O corpo e a alma

A prática e a teoria

Como amansar tempestades e assanhar calmarias

efemeridades e eternidades

Somos figuras

Esboços

Obras inacabadas

Inconclusas partituras

Desenhos grotescos

Infiéis caricaturas

Fotos sem arte

Pousam em mim esses olhos seculares

Pois caminho entre nuvens

Marchando na direção do ocaso

Desnorteadas gaivotas

Procuram navios submersos

No interior destes versos

TÂNIAMENESES

Enviado por TÂNIAMENESES em 29/10/2008

Reeditado em 29/10/2008

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