Gosto gasto

Cansa, descansa.

Se enerva, se amansa.

Se cobra, se arrasta.

A festa vasta se dança.

Pois não basta,

nem se abasta

em bonança.

Tudo pra mim é pouco

e de pouco em pouco

não me é mais nada.

O tédio consome

com a fome

de quem come a calma.

Cansa de novo.

Descansa de novo.

Cansa de velho.

Descansa por gosto.

E assistindo tudo

daquela segura distância,

procurando a razão de quem alcança,

degusta da vida

como uma doce bebida

que de pouco em pouco

vai ficando rança.