Alimentos das Magoas

Como a tristeza no jantar da noite

Na mesa quadrada

Das horas banidas

De pálpebras caídas

De mãos apoiadas;

Destruída a paciência

A esperança vencida

Decapitada no prato

Deserto de vida,

Engolindo, engolido,

De boca fechada

Palavras não ouvidas

Entendidas e esquecidas,

Estendidas no ar

E estancadas nas pontes fronteiriças.

Almoço não é para mim, porem,

De um só momento

Tem vindo aos poucos

Em cada batimento,

No respirar, no gosto.

E que leva e me leva

Como um passatempo;

Incessante que avisa

Que o pranto parou

Embora a umidade mantenha frescas as idéias,

Como querendo empurrar a voz

No vento sem rumo.

Abafa ainda mais

Os alimentos das magoas;

Eu sozinha aqui e outros tantos por aí,

Solteiros sem assas

De muitas espadas desafiadas

Cortando as veias

De ilusões sonhadas

Como borboletas pousadas

No cochilo, na cama,

Sonhando, sonhando,

Tão eufórica voando,

De outro lado,

Solta, intacta e adormecida,

Coberta, cansada das vindas amargas.

langelle
Enviado por langelle em 05/05/2007
Código do texto: T475503
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