Alimentos das Magoas
Como a tristeza no jantar da noite
Na mesa quadrada
Das horas banidas
De pálpebras caídas
De mãos apoiadas;
Destruída a paciência
A esperança vencida
Decapitada no prato
Deserto de vida,
Engolindo, engolido,
De boca fechada
Palavras não ouvidas
Entendidas e esquecidas,
Estendidas no ar
E estancadas nas pontes fronteiriças.
Almoço não é para mim, porem,
De um só momento
Tem vindo aos poucos
Em cada batimento,
No respirar, no gosto.
E que leva e me leva
Como um passatempo;
Incessante que avisa
Que o pranto parou
Embora a umidade mantenha frescas as idéias,
Como querendo empurrar a voz
No vento sem rumo.
Abafa ainda mais
Os alimentos das magoas;
Eu sozinha aqui e outros tantos por aí,
Solteiros sem assas
De muitas espadas desafiadas
Cortando as veias
De ilusões sonhadas
Como borboletas pousadas
No cochilo, na cama,
Sonhando, sonhando,
Tão eufórica voando,
De outro lado,
Solta, intacta e adormecida,
Coberta, cansada das vindas amargas.