A ALMA DEAMBULA

A ALMA DEAMBULA

Sou tão ilha num oceano de seres,

Sou tão barco a vela nesses mares,

Talvez eu seja apenas gaivota torta,

Ou uma madeira que parece morta.

Não sei como as pessoas me veem,

Nem eu sei o que vejo no espelho,

Quero mostrar um eu que não sei,

Ou seria um não sei que sou eu?

Sou um plágio dos desejos externos,

Vontade de pai e mãe beatos,

Com carmas a serem cumpridos,

De maldições sanguíneas,

De incompreensões...

Sou instável graças a Ele,

Adapto ao movimento da Terra,

Sou e somos mais água,

Sou maré constante a circular,

Sou onda viva num sistema fechado.

Pensando bem não sou, somos...

Alguns ousam a olhar para o espelho,

Outros preferem olhar ao rabo do vizinho.

Mas todos somos apenas transito,

Deambulações de células e energias,

Somos uma alma numa matéria,

Estudantes com uma roupa a envelhecer,

Se preparando para a graduação

E para a volta para o lar.

André Zanarella 23-02-2013

Deambular v.i. Passear; caminhar sem rumo certo;

Vaguear a esmo: deambular através das ruas.

André Zanarella
Enviado por André Zanarella em 03/04/2014
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