Ainda ontem, alguém perguntou:
‘Por que escreves poesias?’
E sem pensar na resposta
Respondi
Que em mim a poesia ameniza o nada
Reconstrói espaços e estrada
A poesia enfim
É voz que jamais me falta...
 
Mas ainda assim indagaram
‘Há lugar neste mundo para poesias?’
E fitando os arautos da desgraça
Dos versos sibilantes da lírica nata
Deles me apiedei pela secura
Das bocas que nunca beijaram um verso
De almas que não contemplam
O verso e o reverso
Desta medalha esterlina.
 
Mas então outra vez me disseram
‘A poesia pertence ao passado. ’
E ante tal certeza, escapo
Para a caverna dos poetas esquecidos
Levando tão só comigo
Um verso incompleto, mas vivo
De um poema que inda maduro
Sombra de todo passado
Renascença de todo futuro.