ÉS VIDEIRA
Era muito verde o bosque de nossas vidas,
das árvores, os melhores frutos colhemos
e cravamos nossos nomes em troncos
de raízes fortalecidas em chão duro.
Deram flores, as mais belas, mimosas.
Disse tanto do meu querer e foi pouco
agora, apenas uma nesga de luz há
e o grande lago, virou tela.
O campo é verde, mas a desgraça da dor,
vermelha, feito sangue bélico,
encharca as ruas e a alma.
Devolve-me ao melhor de nós
nas praças da juventude perdida.
Em árvore de maus frutos
não atiram pedras, por isso,
deram em ti uma pedrada.
Não fosses de boa cepa,
não te atingiriam,
mas te acertaram, frondosa planta.
De ti não tiram a seiva
não, de ti
nem o sorriso irão tirar
pois és forte, aroeira,
saudável videira,
às tempestades resistem teus galhos.
Neles, ainda, voaremos em balanços,
brincaremos com mais este trote
pregado em dia de mau humor
pela vida, às vezes, sem graça.
Em homenagem à amiga Zuleika dos Reis.
Dalva Molina Mansano
01.04.2014
15:31