Não tinha mais o que dizer
e aquele silêncio era tudo o que tinha.
E carregava incansável aquela quietude,
tal qual uma plenitude de palavra nenhuma.
Os seus olhares eram uns lugares,
a fala pensada nunca dita de uma beleza infinita,
versos sonhados de uma poesia de reminiscências;
outrora era só passado, aqui era tal qual o presente.
E lá adiante, improvável, um futuro inimaginável.
E tudo era o tempo no tempo de o tempo ser o tempo.
E tudo que o tempo fazia era passar implacável,
em sucessões incessantes de perdidos instantes,
tijolos de um muro invisível, intangível, ininteligível,
feito talvez de palavras perdidas ou esquecidas.
De palavras cimentadas umas às outras, nulas.
E tudo o que havia ali diante de si era este silêncio,
era este silêncio e este muro de palavras anuladas,
este muro entre este e o próximo momento,
entre o que tinha e o que não tinha para dizer.
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 31/03/2014
Reeditado em 13/01/2021
Código do texto: T4751605
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