NAKAMURA
Entre as montanhas
de um vale
platô
pras subidas
ensandecidas
da sede de vida
renascer
na vitória
de uma gota de chuva
mesmo que desça dos olhos
carbonizados
dedos e mãos
calejados
fumo em palheiro
envelhecido
como vinho
enrolado
feito ninho
num bolso
onde a poeira
parece igual
que não retira nada
nem lava
água não santifica
as dores
que a terra cura
das agruras
estradas de chão
batizadas
com grão
vai orando
quando pode
descansar
pra que todos os ventos
vindo a tentos
trançados
deste passado
pesado
somente na subida
que finda
qualquer ida
ao vale onde as sombras
erguem castelos
desfaz um elo
onde um pouco
de sol
serve de sal
como oferenda
que trago
lá debaixo
cesto colhido
por tristezas
alegres
ante a beleza
que abre um broto
recém nascido
olhando o rosto
conhecido
perfume da batalha
que faz nascer.