ADORNO

Remendar um discurso antigo

não garante ao poema o frescor da nova idade.

Costurar no envelhecido novo amor

é repetir versos, os primeiros erros.

Que sabes errando, insistindo

amar amando, amar errando?

Os últimos erros,

como versos no papel ainda molhados do alcance da pena,

ao novo poema pertencem.

Bem vinda é a chuva mansa,

a chuva mansa e fina como o lençol

porque na cama a marca do teu corpo

reclama mais um pouco de nós dois.

Mas o que sabe a chuva dos erros de ser e não ter-te perto

se cai desprendida sem par no chão que a recebe calado

naquela mesma umidade deformada da poesia em erosão?

Se alongo a essa altura o curso do poema

na espera do teu abraço e com isso afasto

com a mão esse mal tempo, seus males e as previsões

é porque na rima perfeita teus braços envolvem minha cintura.

Antônio B.

Baltazar Gonçalves
Enviado por Baltazar Gonçalves em 31/03/2014
Reeditado em 31/03/2016
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