Ofício, Paixão ou Frêmito
[Vício adquirido ou congênito?
Hoje eu não vou ter pesadelo!
Ábdito de mim, não poderei tê-lo!
Pois hoje não vou dormir cedo.
Nessa noite vou inspirar-me até tarde
Sentir na espinha a paixão que arde
E que dedilha por si própria
A esmo, incógnita...
Antes de chegar o sono
Longe, já terei partido
Pra dentro do meu livro,
Que ainda não publiquei,
Lançar-me-ei ao abandono
A terras muito aprazíveis
Nas quais sou amigo do Rei
Para quem meus versos
Serão sensíveis
E a todos os egressos
(réus confessos)
Eu cantarei!
Onde dinheiro pouco me importa
Clamarei ao povo o que me exorta:
É sangue vivo, disperso em palavras
Grito rouco - minhas aspas -
Frêmito quente
Lacrimejado
Amor plangente
Vociferado
Um obituário lavrarei
Para o advogado,
Estudante-estagiário,
Funcionário público ou professor
Estes todos eu já fui ou sou (!)
Aqui, no meu trabalho,
Outro é o baluarte
Prescindo de riqueza ou esteta
Mãe... em verdade (pressinto),
Meu sonho sempre foi ser poeta!