VERÃO DE 97
Era aquele desejo todo surgindo novamente
A sede e a ebriedade
das ruas na madrugada dos esquecidos
entre o movimento dos carros à deriva em comboios de luzes
e a fumaça dos cigarros
no sereno estando sempre
conversando tanto onde o riso é amiúde
mas artificial
e o torpor é a palavra em saraivadas salivosas
e não se sabe de melancolia e tristeza
até o amanhecer
e não se sabe de nada que não seja o próprio descompromisso
e a revelia e o desinteresse
e o próprio desvario em várias formas
para conquistar novos amores
que na verdade nem são amores
E eu fui
Cego
Louco
Apaixonado
E eu voltei
Bêbado
Pacato
Com uma mulher sem nome ao meu lado
If you have to go, go now
or else
you'll got to stay all night long
E o que ficou?
Spectros fátuos de sorrisos mutantes
e mentiras inofensivas
Perigo & doce
Rubra a luz e o sossego
de dias sem tempo nem espaço
Cada passo no caminho
entre o sossego e o excesso
Trejeitos hereditários
nas reminiscências consumidas pelas chamas dos fósforos
enquanto as conversas se manifestavam
Fragmentos escuros de panetone
esfarelados sobre a mesa do banquete
Luz e sombra
Luz e sombra
Luz e sombra (no país das maravilhas)
Morpheus