O AFFAIR PÚRPURA
Vinho na mesa
servido
pelo garçom
que nem olha
timidez de olhos
ela olha de repente
gota cai
como sangue
ela bebe
como morde
querendo a alma
destoa saindo
sentindo
a sombra visceral
entoar um
volta aqui
ainda não me servi
desta carne
perfume sádico
me desabotoa
esta gravata
sou a borboleta
que viaja
em seu pescoço
moço desprevenido
vindo ao encontro
do que inflama
nossa cama
será um beco escuro
se me seguir
verá o que trago
por debaixo
desta dama
minhas íntimas
vermelhas
presas ao toque
preto
dos anéis em coxas
retire a surpresa
não sou moça
não tenho filhos
a sombra da árvore
me pariu
sou a maçã
caída a seu lado
defendo a mordida
se dada
manchada
subindo as paredes
entre as quais
ouvirá meus ais
baixinhos
pra alcançar
vagará por caminhos
só deixe para traz
o que caberá a mim
gozar vendo
sua boca chegar
naquela saída
que bebeu
sua camisa
manchada de vinho
como mel
sou a rainha deste céu
que acaba de ver
estrelas
entre linhas que selo
pra dizer-me
sussurrando
quando alcançar
meu céu...
MÚSICA PRA ACOMPANHAR: Led Zeppelin - When The Levee Breaks