Rua deserta
Cidade dos Belos Horizontes;
De montanhas, sóis e muitas fontes.
Igrejas, escadas e ladeiras íngremes.
Assim também é o bairro onde moro.
Rua deserta, incerta;
Molhada de chuva, fria e escura.
Gosto dela, assim eu sinto;
Que um dia ela será minha.
Perto estou, de frente ao lado;
Construções modernas;
Estreita com aspecto de vielas.
Cores cinzas, beje, assim a vejo da minha janela.
O monte de Oração a protege.
Não tem como ser um herege.
De dia e de noite, todos se erguem;
E as bençãos descem da batuta que rege.
Monte dos Palmares;
Lugar de encontro e devoção.
Sinto-me protegido com tanta celebração;
Povo contrito, vozes e declaração.
Ouço as vozes, acendo minha arandela.
Para isto o silêncio e sentinela;
A madrugada adentra.
Não sei como eles aguentam.
Oram, choram, clamam, gritam;
São tantos os louvores;
Um povo de muitos temores;
Bençãos descem em todos os arredores.