RIO PARAIBUNA
RIO PARAIBUNA
Genin ( para Luiz Sergio Henriques )
Na ribeira deste rio coagula minha infância no tempo
Ou na ribeira daquele Fernando deixou seu alento
Passam meus dias a fio desde o ouro escoado pro Rio
Nada me impede, me impele de vê-lo ir morrendo de sede
Me dá calor ou dá frio vê-lo morrendo sem nem um pio
Vou vivendo o que o rio faz agonizando seu cio
Quando o rio não faz nada ao que o dejeto é capaz
Vejo os rastros que ele traz do esgoto ineficaz
Numa sequência arrastada de poluição somada
Do que ficou para trás na sua origem pura de rio
Vou vendo e vou meditando no que por ele foi pro Tejo
Não bem no rio que passa agora por Juiz de fora
Mas só no que estou pensando, valores que não mais vejo
Porque o bem dele é que faça nascer vidas afora
Eu não ver que vai passando é o que o torna um brejo
Vou na ribeira do rio buscar sua fonte mantiqueira
Que está aqui ou ali por muito mais que eu queira
E do seu curso me fio tecido da indústria mineira
Porque se o vi ou não vi os Caxinoás o viram, juro
Ele passa e eu confio mesmo impuro no futuro
Ele passa e eu confio no desfio de rio vazio?
Eugenio Malta e Fernando Pessoa
Dedicado a LuizSergio Henriques
Enviado por Eugenio Malta em 28/03/2014