A CURA 2

A CURA

Antes eu tinha esperança na cura,

Ela estava numa prece de alma pura.

Acreditava que ela estava no sabor

Que minha negra gata tem no seu suor,

Que ela iria voltar correndo para mim,

Pois eu mudei de maneira sem fim.

Rompi barreiras comigo mesmo,

Passeando em praia andando a esmo,

Ousei a buscar a felicidade,

Apesar de minha grande idade

E a negra gata não voltou

Ela não teve coragem, não ousou.

Busquei a cura em outros seres da noite,

Mesmo para minha alma sendo um açoite.

Corujas sábias com asas lindas sedosas,

Que tinham a qualidade das fogosas.

Ninjas loucas e jovens malucas de vida,

Encontradas nos botequim e na avenida.

Que na primeira desavença quer a morte,

Esquece que a vida traz a elas muita sorte.

Teve advogadas que sabem agir pela lei,

Mas jamais lerá algo que eu escreverei.

Sempre a esperança é que a negra volte,

E venha até a mim e de meu corpo se farte;

Em cada lambida me cure...

Em cada beijo quente me cure...

Em cada ida e vinda me cure...

Em cada promessa me cure...

Hoje sentado na grade da ponte só desesperança,

Passaram tantos corpos por mim sem esperança.

Mesmo que ela volte não há mais volta

Em minha alma só existe a revolta,

O meio foi a muito ultrapassado,

Já sou um ser cheio de cicatriz e transformado

Já não sou mais eu no espelho que vejo

Já nem sei mais qual é o meu desejo

Resta apenas ver as águas do rio passar...

André Zanarella 28-02-2014

André Zanarella
Enviado por André Zanarella em 28/03/2014
Reeditado em 16/08/2018
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