Som Assim Repetido

Magoou-se ontem

Nada de adaga dilacerando peito

Era apenas fala em sala sem mobília

Que ecoa, preenche, faz-se em mil

Mas que ao final descobre ser um só

O som não era resposta; era reflexo retórico

Tudo que ouviu, vinha de si

O outro era imagem muda

E no movimento mudo da boca

Ouvia exatamente o que dizia à imagem

A falsa reciprocidade do eco

Era só

Perfeita descrição da mágoa

Um só querendo

Um só criando

Um só seguindo

Um só dizendo, um só ouvindo

Sempre só

E o que parecia dois, era um

Vivendo o seu ruidoso interior

E agora, querendo se bastar.

Diana Diniz
Enviado por Diana Diniz em 27/03/2014
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