Pontos e curvas

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Poesia também pode ser fruto da geometria.

Do trapézio no qual me apoio;

ou dando formato à cortina que nos protegerá.

Tem visual efeito de casinha aconchegante,

onde desejamos,

harmoniosamente,

apenas e tão somente coabitar.

Um corte, entretanto, pode ‘retangulizar’...

Ou ‘triangulizar’ o ângulo da visada, bem acima.

Eu me deitaria no plano que se forma e,

faceiro, sem muito jeito,

preencheria vazios,

maximizando volumes.

Ah, mas a cortina que se descortina.

Fez morada na tua tez pegajosa,

parceria que me desanima...

Entrelaçadas, tu e a seda branca do cetim,

tripudiam do meu amor azul,

atrapalhado, atabalhoado...

Que se materializa dentro de mim.

Vejo cortes pontuais e virgulares.

Vejo que há simetrias dignas de rotação.

E do retângulo que se avoluma,

formando cilindro,

escorrem gotas do suor da profusão.

A geometria permite a construção de curvas.

Curvas tuas, duo de curvas, curvas nuas...

Que,

esparramadas pelas ruas,

bendizendo qualquer predileção,

sintonizam pontos e vírgulas

que se esbanjam diante da exclamação.

Ah, que beleza existe na poesia!

Poesia que se fez, renitente,

por meio de figuras pontuais,

de primazia,

repleta de curvas e de retas,

descendentes da tua Geometria corporal.

Iguatu-CE, 25 de março de 2014.

17h24min

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Nijair Araújo Pinto
Enviado por Nijair Araújo Pinto em 26/03/2014
Reeditado em 29/09/2014
Código do texto: T4744224
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