Palhaço que chora...
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Palhaço que chora...
Recordando o palhaço Arrelia (Waldemar Seyssel)
Guida Linhares
O maior espetáculo da terra,
aquece o coração na espera.
Vejam quem chegou na folia...
Os palhaços Pimentinha e Arrelia!
Arrelia era feliz??
Pimentinha perguntava...
- Como vai, como vai, vai, vai?
Arrelia respirava fundo,
fazia uma mesura e sorria...
- Muito bem, muito bem, bem, bem...
Até que um dia ele camuflou...
a tristeza cavara profunda dor,
perdera a mãe, seu primeiro amor.
Era um palhaço querido,
fazia mágicas e estrepolias,
quando na alma do circo adentrava,
Waldemar Seyssel se transformava.
E fazia rir a todas as crianças.
Mas o seu maior alento era o riso
largo das crianças dos orfanatos,
e a elas queria deixar o seu legado.
Seu maior sonho foi a escola de circo,
onde estas e outras crianças aprenderiam
a arte circense que perpetuada,
garantiria a alegria de toda a criançada.
Palhaço que chora escolhe a hora,
e era justamente quando via os desvalidos,
a buscarem um sorriso, um aperto de mão,
que as lágrimas escapavam do seu coração.
Pesquisa> http://www.fiamfaam.br/jlc/materiais/homem_palhaco.htm
Santos/SP - 02/05/07
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Participação no tema "Palhaça que chora" da querida amiga poetisa santista Gui Oliva
"quando o sentimento fala e o coração responde, sentimos no ar, o gosto da lágrima e o perfume do riso convidando a magia a dançar. Todo poeta, tem um palhaço triste, adormecido em suas linhas e não perderá a oportunidade de despertá-lo. Viramos ciranda,e, lindos versos estão chegando: para que eles não fiquem perdidos, estou reenviando para você organizá-los.Tenho certeza que ficará um trabalho lindo e não faltará espaço para a nossa lona apresentar o grande espetáculo. Vamos que vamos... rsrsrs... Schyrlei Pinheiro"
1, PALHAÇA QUE CHORA...ESCOLHE A HORA - Gui Oliva
2. O PALHAÇO CHOROU!!! - Schyrlei Pinheiro
3. PALHAÇO QUE CHORA...ESCOLHE A HORA - Tere Penhabe
4. O PALHAÇO - Pedro Valdoy
5. ARTE COM IMAGEM E FRASES - Arrelia e Plínio Sgarbi
6. PALHAÇADA - Lisieux
7. O NARIZ DO PALHAÇO - Paulo Roberto Drummond
8. COMO PALHAÇO - TecaMiranda
9. PALHAÇA QUE SONHA - Helô Abreu
10.E O PALHAÇO CHORA - Eugénio de Sá
11.WALDEMAR & ARRELIA - Guida Linhares
12.MÁSCARA DA ILUSÃO II - Marise Ribeiro
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PALHAÇA QUE CHORA...
ESCOLHE A HORA!
Gui Oliva
Chora mas... escolhe a hora
não abandona para chorar por inteiro
as emoções, as alegrias, as ilusões,
no momento em que estiver no picadeiro.
Chora mas...elege o adequado momento,
não te desnudes de toda fantasia,
não deixes de sorrir diante da agonia,
não exponhas aquele que é só teu lamento.
Chora brincando, fazendo estripulias,
dá piruetas para espantar a abulia
tenta fingir que ri e, assim,
Chora enganando a falta que reclamas
pois esse amor o coração de há muito já devia
ter esquecido, como sendo aquele que tu amas
26/10/06
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O Palhaço Chorou !!!
by
Schyrlei Pinheiro
Hoje tem espetáculo?
O poeta palhaço
veio nos homenagear;
deu mil cambalhotas,
jogou letras no ar,
trepou no trapézio,
andou sobre as linhas,
fingindo se equilibrar
na mentira, que sabia
como a platéia enganar.
Hoje tem espetáculo ?
e o palhaço, quem é?
Um poeta?
Não! é um trapalhão;
sua alegria é dançar no salão.
Sorria palhaço!
Acabou sua apresentação.
Hoje tem espetáculo,
hoje tem alegria;
está entrando em cena
a verdadeira poesia!
Rio de Janeiro - Agosto de 2004
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Palhaço que chora...
escolhe a hora
Tere Penhabe
Palhaço que chora,
escolhe realmente a hora
para não incomodar o riso,
que precisa de espaço
maior que o seu pranto conciso.
E eu sei que ele chora...
pinta suas lágrimas no rosto
para esconder as verdadeiras
imponderável pressuposto
de quem trilha essa carreira...
Palhaço que chora, escolhe a hora
quando estão mortas, caladas
quando não se ouve quase nada
e os que foram felizes com seu riso
já se encontram todos adormecidos.
Mas chora também, na hora da folia
misturando as lágrimas bem dosadas
com alegres risadas, que ninguém vê
que ninguém sente, porque
é preciso rir para viver!
Santos, 30.04.2007
www.amoremversoeprosa.com
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O Palhaço
Pedro Valdoy
O Palhaço ser sensível
como as borboletas
e os poetas
sorri para os espectadores
Gosta da felicidade
das crianças
sente-se outro
com o sorriso da ingenuidade
É outro
com o aplauso sincero
dos espectadores
atentos e serenos
Uma noite
as estrelas dançavam
em sua honra
enquanto ele vadiava
Ia pensativo
para sua simples barraca
tão amorosa
na serenidade da noite de luar
Parou estarrecido
viu uma criança morta
em plena rua abandonada
ali ficaram suas lágrimas
Ali seus olhos
quebrados tristes
permaneceram inacreditáveis
e ficou até à morte.
Lisboa Maio 2007
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PALHAÇADA
lisieux
Nunca gostei de palhaço.
Nunca gostei daquela cara pintada, a esconder a tristeza.
Palhaços, na verdade, nunca me enganaram.
Ainda criança, enquanto as demais riam das piruetas e das piadas repetitivas,
eu ficava a olhar aquela face branca de boca desenhada
e nariz vermelho
e pensava, com os meus botões:
"A quem ele pensa que diverte?
Coisa mais sem graça esse marmanjo
vestido de criança e tentando ser engraçado".
Assim, sempre tive birra desse ser caricato.
Até que...
Até que a vida fez-me também um palhaço.
Um dia, vi-me obrigada a mentir.
E, embora me sentisse mal no primeiro momento,
acabei me acostumando.
Afinal de contas, não se pode dizer a verdade todo o tempo.
Como dizer àquela senhora que o cabelo recém-pintado está horroroso,
ou àquela criança que o pai, do qual ela tanto se orgulha e quer imitar, é um canalha?
No outro dia, vi-me obrigada a dizer coisas "engraçadas"
quando tinha vontade de chorar...
Senti-me péssima, claro! Mas, como dizer à minha avó que ela estava com câncer
e que, em pouco tempo, ia morrer?
Preferi contar-lhe um dos causos mineiros de que ela tanto gostava
e ver, talvez pela última vez o seu sorriso, do que fazer o que eu tinha vontade
no momento, que era apertá-la com força
junto ao peito e chorar.
Outro dia, ainda, vi-me obrigada a colocar
uma máscara de falsidade no rosto
e dar um lindo sorriso, quando me roía de raiva por dentro.
Afinal, como fulminar com palavras grosseiras o homem
que era o meu chefe,
se eu precisava tanto daquele emprego
a fim de ajudar a família?
E, finalmente, um dia percebi que eu era tão pateticamente sem-graça
quanto o palhaço que eu sempre odiara.
Aliás, era ainda mais... porque o palhaço, pelo menos,
fazia toda aquela encenação no palco, a fim de arrancar risadas das crianças
e garantir a sua subsistência...
E eu, pobre de mim, nunca ganhei um tostão sequer,
para fazer meu show...
e a minha platéia, jamais me aplaudiu...
BH - 06.01.06
03h38m
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O NARIZ DO PALHAÇO
Paulo Roberto Drummond
Por favor,
Homem revoltado
Homem ludibriado
Homem usurpado
Homem ignorante
Homem passivo
Homem covarde,
Deixa este Nariz aí!
Tira este Nariz do rosto!
Este Nariz é do Palhaço.
Faz parte da alma dele.
Não é utensílio de fracos.
Respeite-o.
Quer protestar?
Vai a luta!
Mostra a tua cara não a do Palhaço,
Quer fazer greve?
Mostra a tua cara não a do Palhaço.
Quer reclamar do governo?
Quer reclamar dos bancos?
Quer fazer uma revolução?
Quer mudar o mundo?
Mostra a tua cara não a do Palhaço.
E se conseguires alguma transformação,
Aí sim, o Palhaço te concederá o seu Nariz.
Mas o Palhaço não é esta frouxidão que tu és.
Não te confundas com o nobre Palhaço.
Há muito ele é o condutor da alegria,
Da sensibilidade, da liberdade, da emoção,
Da docilidade e da verdade também!
Ele não se oculta como tu.
Há muito habita o universo mágico da pureza
E por isso é tão sentido pelas crianças.
O Palhaço não é aquele lado teu que foge de medo,
Que não enfrenta a luta nem se expõe.
Tira então este Nariz, Homem!
E mostra a tua própria cara.
Pode ser que teus problemas comecem a ser resolvidos.
E quem sabe um Palhaço sorrirá para ti?
Se fores um lutador de verdade.
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Como palhaço!
TecaMiranda
Coloca sua máscara para sobreviver.
Sorri, chora, fica brava, faz pirraça.
Desnorteada sente que vai enlouquecer
e como palhaço acha graça da desgraça.
No picadeiro da vida faz malabarismo,
mágica e se arrisca no globo da morte.
Sofre inquieta sem entender o absolutismo,
o desmando de gente que se acha forte.
Parem com esse falso espetáculo,
deixem que a máscara do palhaço caia,
que consiga atingir seu pináculo
mesmo que só consiga vaia.
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PALHAÇA QUE SONHA
HELÔ ABREU
Palhaça que passa
pela vida a esperar
um amor que nunca chega
apenas permita-se sonhar.
Encontre uma posição confortável,
e deixe tua imaginação levar-te
para o outro lado,
para alem das aparências,
para os mistérios e os poderes do
teu mundo interior,
para o lado interior do Mundo,
para os segredos escondidos atrás das aparências.
Na plena Luz da tua consciência,
estás descendo para teu mundo profundo,
até descobrir uma cripta em ti.
No fundo da cripta, iluminada pela Luz
da tua consciência,
descobres uma porta de madeira.
Nessa porta está pintada
a imagem de uma pessoa vestida
como uma palhaça,
Na mão direita segura um bastão,
que usa como bengala.
Nas costas leva uma mochila, vazia.
como vazia andas pelo mundo
com os olhos mal focalizados,
sonhando... devaneando.
Um cachorro atrás está pronto
para morder tua saia rasgada.
Uma pobre palhaça,
vagabunda que não sabe para onde vai.
Com curiosidade, entras nessa imagem;
é uma porta para ir longe.
Entrando nessa figura, tu se torna ela, és ela.
Caminhando... olhando com o olhar do devanear.
Olhando para Nada, olhando no Nada.
De cara pintada
Sorris... fingindo ser
Aquilo que não és!
Esqueces a tristeza
Sim... sou palhaça...
palhaça da vida..palhaça do amor
Solto uma gargalhada!
Brinco... canto... pulo... danço...
Uma...
Outra...
Outra e outra vez!
Grito sem pranto
pranto meu grito...
Sorrio com franqueza!
Engulo a tristeza!
Digo uma piada
E rio...
Rio à despregada!
No fim
Agradeço... emocionada faço uma reverência!
E sorrio...
Mas por dentro choro
pois perdi a hora de aprender a viver......
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E o Palhaço chora
Eugénio de Sá
Chora-lhe a alma enquanto os olhos riem
é assim o palhaço original
vertendo da existência o pior mal
no âmago de si sem outros o sentirem
E na dor mergulhado finge ser
da hilariedade o seu senhor
mas fica-lhe a tristeza por penhor
vergando-lhe ao desgosto o padecer
Na pobreza das vestes é grotesco
desfigurada a face à alquimia
que lhe disfarça o esgar quase dantesco
Mas se o envolve riqueza bijouteira
E a alvura lhe manda na aparência
quase chega à demência essa bobeira
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Máscara da Ilusão II
Marise Ribeiro
Na face, a máscara obrigatória
Na alma, a satisfação ilusória
Sou palhaça da vida fingida
Maquiagem pelo choro escorrida...
Palhaça a sorrir... a gargalhar
Quando a vontade é sumir... gritar
Palhaça que brinca com o mundo
Mas com um coração vagabundo.
Palhaça na hora em que a dor aperta
Fingindo aquele sofrimento não sentir
Palhaça na solidão da pena de poeta
Em que é mais fácil a fantasia vestir...
Até quando vou me valer dessa condição
De misturar realidade e ilusão?
Até quando vou entrar no palco assim
E voltar a ser eu mesma no camarim?
03/05/07
www.mariseribeiro.com
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