Retro(a)cesso

As raízes dos meus pés

Me aprisionam ao presente

Participo de um jogo

Onde venço a ferro e fogo

A imaginação doente

As raízes são correntes

Que a alma não enxerga

Ligam o solo ao meu ventre

Num futuro sempre ausente

Que o passado não alega

Minhas mãos tateiam o corpo

Que o vento desenhou

Sonho a cada dez minutos

Despertando dos meus surtos

Num começo que acabou

Nessa busca por um solo

Onde eu possa me erguer

Sou levado por meus passos

Compassados em pedaços

Aonde não quero viver

A vontade é dualista

Régua da indecisão

Verdade que mente em mente

Enganando o que se sente

Na vista e no coração

Me desprendo desse chão

Que há muito me detém

Num suspiro empoeirado

De outros sonhos enganados

Dos quais faço-me refém

De raízes a sementes

Os meus pés caminham sós

E em terras permanentes

Rego agora meus delírios

Que suprimem minha voz

Já caminho em direção

Do caminho que perdi

Vou em frente ao retrocesso

Reinicio um processo

Que um dia desisti.

Hans Cutrim
Enviado por Hans Cutrim em 25/03/2014
Código do texto: T4743689
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