Carta à Poesia
Querida poesia,
aquela que um dia
já foi perfeita,
perdoe-me por ser poeta,
andar em linhas retas
e esquecer do que é feita.
E por não a escutar,
por procurá-la em outro lugar,
perdida em um mundo anil.
Talvez a encontre em transcendentais,
que não se ausentem demais,
mas completem o que sentiu.
Antes ouvir palavras divinas
e flutuar em purpurinas
do que seguir uma receita:
ponha sete sílabas poéticas e quatorze versos,
mexa bem, quebre dois universos
e está pronta a poesia confeita.
Não crescerá em cimento,
"não faças versos sobre acontecimentos"
já escreveu o pós-modernista,
se bem que sua flor nasceu na rua,
mas era feia, mas era uma flor e hoje se situa
no meu coração, como amor à primeira vista.
Como você, poesia querida,
que um dia mudou minha vida
voando e que brilha.
Abraços e lembranças,
um beijo de criança,
até as próximas linhas