Pesadelo da Carne
Pele dormente, mente cansada monto um castelo de cartas tentando fugir da ressaca mental, estou cansado do ócio, preciso me libertar, sair desse apartamento ir até a sacada e me jogar, há um mundo de possibilidades e aqui dentro o obscuro me faz companhia na doentia solidão, nada me interessa, nada me comove, nada me move, nem as gotas de chuva de uma tarde de verão calorosa me inspira.
Envolto em inércia, contos os grãos de poeira ao meu redor, as teias de aranha me circundam, circulo o quarto com olhares aflitos, buscando algo que me atice curiosidade, mais este é o meu mundo, louco, tosco, vazio nada pra ver a não ser o desrespeito do meu eu, e a abstinência de adrenalina que me faz ficar imóvel, o ultimo ato de um filme sem nexo, uma existência sem serventia, observância sem valia.
Fico com ódio de mim e me perdoou sem motivo, o fracasso me parece tão comum, nada que não me acostume, violento minha mente a procura de alguma ilusão sedutora, sexual, fascinante, mais nada me parece bom o bastante, do vazio fantasio rotinas que eu nunca cumpri, feitos que nunca fiz é mentindo que faço o tempo passar, mentindo pra eu mesmo acreditar, horas parecem semanas, semanas meses, e o vazio só aumenta, e de 60 em 60 é que vejo meu relógio rodar, cabelos, unhas, pelos meu corpo não para de mudar vejo as sementes da demência brotar, encostado num canto do meu quarto sem a esperança me visitar.
Um olhar acabado, infiltrado pelo silêncio assombroso do nada, e minha mente sem parar de rodar, sem deixar rastros, se aprofundando no espaço, se esquecendo do agora, e se agarrando no nada, sem deixar rastros, sem deixar saudades, sem deixar alegrias, envolto em agonia esperando o coletor chegar, e cobrar de mim a existência inexistente, o ato de nada fazer ou falar, sozinho no escuro esperando pra esse dia pra sempre acabar.