HOMO SAPIENS SAPIENS VISIBILIUM

Desenhadas tuas mãos nas cavernas

estavam há milênios quando surgiste,

no entanto hoje é que a linha triste

em tua palma atravanca tuas pernas.

Criação a criar o incrível

e insensível projeto de inexistência,

utilizando a fútil sapiência

daquele que sabe que sabe o visível.

Tens voz, e ela aumenta, em volume,

proporcionalmente inversa à luz.

A palavra é a máscara e o capuz

do que a covardia não assume.

Libertaram-se do acaso as palavras

que ressoaram pelas paredes.

São agora a terra em que lavras,

quadro e moldura do que cedes.

Refugia-se o som de tua voz

no oco de alguém que as retém,

extraíndo da língua, refém,

a persona do próprio algoz.

Delira em si mesma tua fome

de fim, rumo ao total novo fim,

descontínua linha que te descontinua e some,

ansiando o talvez e desprezando o sim...

És em si um anúncio ambulante

do apocalíptico paraíso

situado entre o quase juízo

e a morte do atual instante...

Nihil sub sole novum,

sapienti sat!

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Luis Filho
Enviado por Luis Filho em 24/03/2014
Código do texto: T4741796
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