Prosa atemporal
O tempo alveja as faces a cada instante do dia
a cada rapidez de uma calmaria
a cada dia que passa, somos um nada
pela vazão dos sentimentos, pela dor enxuta
o tempo vem nos secando por camada
e tudo se difunde tudo se esvazia
a palavra vida, se escorre e se apaga
a poesia cicatriza o sulco que o tempo suscitou
tenho mares e ventos, deles me movo em espírito
são eles que fazem o poema sentir o restrito
mas as palavras concretas e meu corpo, são estacas no chão
elas pisam nas pedras do tempo, na dor e na vazão.