Prosa atemporal

O tempo alveja as faces a cada instante do dia

a cada rapidez de uma calmaria

a cada dia que passa, somos um nada

pela vazão dos sentimentos, pela dor enxuta

o tempo vem nos secando por camada

e tudo se difunde tudo se esvazia

a palavra vida, se escorre e se apaga

a poesia cicatriza o sulco que o tempo suscitou

tenho mares e ventos, deles me movo em espírito

são eles que fazem o poema sentir o restrito

mas as palavras concretas e meu corpo, são estacas no chão

elas pisam nas pedras do tempo, na dor e na vazão.

Amélia Queiroz
Enviado por Amélia Queiroz em 23/03/2014
Reeditado em 23/03/2014
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