MEDO
MEDO
"A caravana passa... os cães ladram...”.
Alguém falou isso.
O medo é grande,
É cheiro na pele,
É a orelha para trás,
Pupilas dilatadas,
Rabo entre as pernas,
Adrenalina a impregnar.
Falta o "start" começar.
Começo começar,
Irônico o jogo das palavras...
A caravana passa...
A poeira levanta...
A vontade de ladram acabou...
Por que ladrar...
Ladrar quando a luta acaba,
A vela apaga ao vento,
Não há objetivos.
Fui, sou e serei o cão ladrador.
Sou a maldita falha de Deus...
Cai numa família de carrascos,
Católicos fervorosos punidores;
A outra face é fácil para quem profere,
Para quem leva dói e muito...
Escuto os cânticos católicos,
Sinto o cheiro do incenso,
A palma benta em dia de temporal.
Tudo a me perturbar.
Quero muito uivar,
Mas não posso...
Homem não chora...
Maldita criação do chicote...
Quero voar sem asas,
Sair pela janela do carro,
Virar estática das rodoviárias...
O medo me deixa assim,
Rabo entre a perna,
Deixa pronto para atacar,
Vejo o sangue a jorrar
Não me importo mais.
Medo,
Seria apenas uma reação adrenérgica?
Medo...
Malditas orações da infância,
Elas me martelam,
Destruíram minha infância,
Queria tanto ser feliz,
Queria querer mais;
Coloquei uma mascara,
Mascara de Pierro feliz;
Assim escondo as marcas,
Das humilhações do falar errado,
De ter sido uma criança bonita
E de ser espancado demais...
Como cão medroso quero correr,
Fugir alucinado pela avenida,
Atacar quem entrar no meu caminho
E parar quando um carro me atropelar.
André Zanarella 22-03-2014