ABRIL
ABRIL
Se abril fosse mentira
Logo seria maio
Mas abril é com efeito
Um mês de respeito
É da literatura infantil
De Andersen e Lobato
Que é um grande fato
De histórias mil
É do jornalismo
Vivo organismo
Que no dia a dia
Faz vezes da cidadania
É da saúde
Que por aqui não é amiúde
E por baixo do pano
É cubano
É do correio
Que perde a corrida
Para o e-mail
Selando-lhe a vida
É do hino
Tão pouco cantado
Comprido em demasiado
Mas é um mimo
É do jovem
Que parece alienado
Não quer ser homem
Pra viver sarado
É do desenhista
Esse artista
Que teima em permanecer ator
Não coadjuvante de computador
É do índio
Para uns alienígena
Para outros gentio
E para muitos vadio
É do exército
Em descrédito
Recolhido aos quartel
Sem guerra e sem papel
É do disco
Que ficou cheio de risco
Virou CD
Agulha pra que
É da latinidade
Que só late
Desde tenra idade
É só debate e disparate
É de Brasília
Que devia ser uma ilha
Bem longe do continente
Pra tudo melhorar certamente
É de Tiradentes
Que foi enforcado
Por insurgir-se contra impostos crescentes
E ainda hoje é assunto atualizado
É do policial
Que é sempre o mau
E o bonzinho
É o marginal
É do descobrimento
Fruto de uma calmaria
E como relatou Caminha
Tudo dá sem apressamento
É da Força Aérea
Que não tem asas para voar
Vive aérea
Dos caças a esperar
É da Terra
Que há tempos berra
Deixem-me viver
Assim vou fenecer
É de São Jorge
Também do dragão
Vestido de inflação
E do Corinthians orbe
É do escoteiro
Que é homem primeiro
E depois menino
Por falta ou excesso de tino
É do livro
Que por aqui é supérfluo
Que tanta falta faz
Para fazer o país capaz
É da primeira missa
No sul da Bahia
Que foi premissa
Da posse da suposta ilha
É da educação
Tão sem educação
Que faz iguais
Serem tão desiguais
É da sogra
Que ninguém quer lembrar
Que acha uma droga
Mas vive a badalar
É nacional da mulher
Uma homenagem a Jerônima
Uma enfermeira que permanece anônima
E que lutou pela inserção da mulher
E assim é e será abril
Um mês que no mundo e no Brasil
É recheado de importância
Mas que poucos dão relevância