OS SONHOS NÃO VOLTAM, COMO AS ÁGUAS DE MARÇO
Antonieta Lopes
Águas de março que chegam e se vão,
Molham as plantas, te que o inverno venha,
Dão intervalo pra que segue a lenha
Do “humilde” aqueça casa e fogão.
Ano seguinte certo voltarão,
Afim de que a natura tempo tenha
De se fartar de sol, furando a brenha,
No telhado a brilhar do barracão.
Ai quem me dera assim os nossos sonhos,
Fossem, voltassem, como águas de março,
Na juventude nascem tão risonhos.
Ao invés de voltar, fogem, disfarço
Deles, saudades, dias mais tristonhos
Que os amarro no tempo, sem cadarço.