ENTORPECENTE HIPERBÓLICO (23/04/2007)
penso em me entender
em pensar em nos entender
ou compreender o propósito
de tudo isto que está aí
e que a explicação da explicação
não passe de fetiche barato
nem de paranóia coletiva
e isso já se configura
um vício na prova
é recorrente eu sei
mais parece que vivemos
preso à parábola do anzol
onde peixe e pescador são a mesma pessoa
sou físico-poeta
um filósofo-poeta
um matemático-poeta
um lunático-poeta
mas é que a beleza do desconhecido
me fascina
muito mais que um copo de coca-cola
não há muito o que fazer
o que refletir
o que sentir
o que perceber
eu sei
e essa sabedoria me aterroriza
e ao mesmo tempo me encanta
me dar consciência
que a única consciência possível
é a fuga do consciente
não há outro meio
nenhum substrato da vida pode ser maior
do que a própria vida
- sei que falo de redundâncias -
mas a vida nos ensina quase nada
e nos contentamos com muito pouco
ou quase nada
e é isso aí que temos que fazer mesmo
já que não temos coragem de fugir
já que o paraíso é inferno
penso em me entender
meu entendimento é pouco
raquítico...!?
nós sabemos pouco sobre tudo
conhecemos a estrela Gama-1725
e a integral do cosseno hiperbólico
e não conhecemos o sorriso escondido
em nossas carrancas sérias
a fabricar compêndios de entorpecentes
cada dia amanheço no desconhecido
por trás de cada suspiro
me questiono sobre o porque de estarmos aqui
de especificamente estar aqui
e me perdoem por não ser o melhor
a explicar tudo isso
não entendi muito bem a psicanálise quântica
e nem muito menos a física analítica
nem sou muito afeito a conviver com monstrinho imaginários