Tem dias que desliga em mim o que liga.
E ninguém liga.
Tem dias que a vida alega cansaço da lida.
Ninguém lida muito bem com isso.
Tem dias até que dá uma vontade de sumir.
Mas desaprendi o voo dos insanos,
rasguei os panos, mudei os planos, os ventos,
e as velas enfunadas me levam aonde querem...
Tem dias que me ferem a pele
Os ventos que vão aonde querem as velas
E aquelas insanas asas me fazem falta!
Só sei que sofro de tudo o que tanto me fere
E nada interfere no que querem os ventos e as velas
E nada interfere no que querem os ventos e as velas
As feras que voam em mim devoram asas
E fazem suas casas em impensáveis abismos
Enquanto na pele dói somente o que eu cismo.
E tem dias que nem mesmo o dia...
Só a noite, esse barco à vela à deriva,
É o vento e a vela, o voo e a asa, a vida e o abismo.
(Lázara Papandrea e Marcos Lizardo)