Sangrando

Neila Costa

Sangram-me as palavras

Como sangra, do vagabundo,

A vida sem sentido...

Inferno nauseabundo.

Sangram-me as palavras

Como quem sangra

Do amor, a ternura;

Do lar, a quietude;

Da sensatez, a prudência;

Da paz, a serenidade;

Da injúria, a paciência.

Sangram-me as palavras

Como quem sangra

Da rua, a tranqüilidade;

Do céu, as estrelas;

Do dia, o sol

E da noite, a lua.

Sangram-me as palavras

Como sangra a sensibilidade

Diante do terror diversificado,

Como sangra tudo o que assola

A enraivecida humanidade.

Sangram-me mais além...

Como quem, na vida, sangra

A carne... e a alma de alguém.

Neila Costa
Enviado por Neila Costa em 18/03/2014
Código do texto: T4733734
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