Corruptela de um poeta
Qual a tua certeza de que não sou um poeta louco
que escreve linhas tortas sob egos incautos de outrem?
Que permeia a linha carcomida da insatisfação
E que de inusitadas formas desdenha das chances vividas
Pouco definidas pela sorte de infortúnios colhidos?
Que pela inspiração noturna desliza entre versos rasos
espelhados em visões do nada saboreado e
talvez desdenhe dessa total falta de rumo
em papel de âncora, agarra-se na ponta dos pés
com a janela d’alma entreaberta em lágrima seca.
Se pálida luz banha a face em rusga
Inspiração vem e vai em sopro de euforia
Causada por doses ínfimas de quase-vida
Sem que versos belos sejam concretizados
E poema cesse antes de florir, em outono prematuro.
Queira o infortúnio das rodas do tempo
Que me conheça em íntimo ver
Aviso de antemão que nada belo parecer
Apenas silhueta de aspiração de ser
Que finge uma brincadeira, ciranda de viver.