Monólogo vespertino

Permite que me acolha em teu ombro amigo,
Mesmo sendo um estranho e não saibas meu nome,
Estou só, cansado, perdido, com muita fome,
Ébrio, e como tu, poeta, também em perigo!

Há dias vi, constrito, a agressão que fizeram
A tua imagem, pichando-a, e não fiz nada,
Não pude fazer nada, pois fugiram em disparada
Estes covardes que, por certo, jamais te leram.

Soubessem eles ao menos um pouco de tua vida,
Teriam por certo também um pouco de respeito,
E se acolheriam como eu, abrigado em teu peito,
Em mais esta tarde que se vai, assim, combalida.

Por favor, continue a sussurrar em meus ouvidos,
suas tantas crônicas e poesias, ora te escuto atento,
mesmo ébrio eu te ouço, eu te compreendo e tento
assimilar o que dizes, obrigado por teres me acolhido.
LHMignone
Enviado por LHMignone em 17/03/2014
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