Nós

Eu confesso ao meu honesto travesseiro,
ao fio de cabelo perfumado com seu cheiro,
foi um braseiro que envermelhou meu coração!

Eu atravesso só com a voz a foz do rio,
e pelo avesso, eu que escorro no seu cio,
como um poeta encarnado na fala da canção!

Você amor, que deu cor à flor do hibisco,
e fez riso no meu rosto com um rabisco,
num bilhete branco e preto de menina!

Você morena, tom castanho da madeira,
que tentou e dentou o fruto da macieira,
que plantou nos beijos o que me desatina!

Nós, um mais um e ainda mais um pouco,
somos a ampola injetável em um louco,
somos remédio para o tédio da saudade!

Nós, dois retratos revelados neste mundo,
numa rua escura, a dama e o vagabundo,
felizes, silenciosos e cheios de liberdade!
 
Dado Corrêa
Enviado por Dado Corrêa em 16/03/2014
Reeditado em 04/04/2014
Código do texto: T4730763
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