Mar de Rosas
Das rosas colheu espinhos.
Não nasceu o sol,
A chuva desceu cuspindo
Varrendo as ruas com anzol.
Não nascem flores no canteiro,
O céu é uma cortina de teatro
Que se fechou para o derradeiro
Espetáculo.
Sem público, sem aplausos.
Sem nada.Ausência incontida
Dessa estória interrompida,
Desses contos mal contados
Dos cantos desencontrados.
Apertos frouxos, laços fracos.
Meu Deus, tudo é tão frágil...
E tempo é tão curto,
O mundo tão vasto.
Que fazer se a vida ficar
E eu seguir sozinho...?
E se eu permanecer aqui
E a vida passar correndinho ?
E se eu me quebrar,
Se não houver tempo de consertar?
Terei que me arrastar estilhaçado
Até que crie um tapete com os cacos?
Decerto, tão cedo verei as rosas
Pois as ondas tão famosas
Traz dos mares somente espinhos.