Turbulência Íntima
Que esta escura e triste noite logo passe!
Com ela vá-se a dor que pelo dia foi trazida.
Deixe em sua força o novo sol aproximar-se,
Que tira a sombra e traz consigo a sorte lida.
Que raiva deste rádio, nada sabe, nada fala!
Saia com sua estupidez, desocupe a sala!
Com sua mudez, sua presença mais ausente,
Seu jeito retilíneo, sua justeza mais doente.
Venha a voz, o grito, a vista, venha o vício,
Venha o som, o sol, o sim, venha o hospício,
Venha a luta, a onda, o doce, o acre, o sal,
Veja o fundo luminoso se escondendo atrás da sombra
Descortinando o homem e sua pobre vida,
Sua íntima turbulência, seu olhar cego,
Seu altruísmo aos beijos com seu ego,
Seu não saber, não ser, sua não saída,
Trazendo o amor apaixonado e turbulento
Para habitar a velha casa esquecida.