AQUELE HOMEM ...
“Jogado” no canto daquela enfermaria ...
Aquele homem indefeso, coberto pelo lençol.
Aparentemente maltrapilho, para um lugar tão limpo,
Aquele homem, simples ser humano, “velho” e só.
Uma mulher entrou e pôs-se a dar “tapinhas” nas costas.
“Tapinhas” especiais, eram técnicas pulmonares,
Terapêuticas ... enchi-me de vergonha, pois não imaginava
O meu futuro, como observador fumante ...
Afinal, estava ali, por um simples distúrbio da PA, só isso !
Pressão Arterial. Algo tão sério que não me dava conta ...
Herança genética, que “levou”, meu avô, tios, meu pai !
E estava ali, como se brincadeira fosse, esperando a vez ...
Sem ter a noção de que cada tragada naquele cigarro,
Aquele homem o havia feito, sem saber, enganado, e ali estava,
Suplicando um pouco de AR, que sem saber eu desperdiçava.
Um “pedaço” de vida que eu ainda não compreendia ...
Hoje eu compreendo ! O MUNDO quer RESPIRAR ... !!!
E eu também !
Aquele homem, agora sou eu, “jogado” naquele mesmo canto ...
Indefeso, descoberto e solitário, num lugar tão limpo que,
Talvez não me mereça, por ter asfixiado alguém que um dia
Não teve fôlego para me pedir SOCORRO !!!
Alexandre Boechat,
Em 03 de Maio de 2007.