SOLIDÃO
Antonieta Lopes
Não sinto solidão, mesmo que fique
Horas, dias, sem ter com quem prosar,
Observo o céu azul, o sol a pique,
Lindas aves trinando pelo ar.
Da imaginação escuto o clique,
O coração se abre e vou rimar,
Sem que somente aos versos me dedique,
Dos acontecimentos vivo a par.
E escrevo sobre o negro e sobre o branco,
Sobre a névoa, a chuva e o sol,
Sobre o atleta, o surdo, cego, e o manco
O alegre torcedor do futebol,
A flor que se debruça no barranco
Água limpa que brilha ao arrebol.