Inexistência

Passando por tantos caminhos

Seguindo passos sem rumo

Escondido nos braços do mundo

Nas entranhas da devassa vida

Perco meus pensamentos e sonhos

Tão cedo vem a luz do dia

E tão cego, me vejo perdido

Não há estrada que eu não percorra

Não há sombra que eu não descanse

Não há rumo que eu não siga

Sou um espectro vadio

Sou uma lápide ambulante

Não pertenço a nenhum lugar

E não há descanso eterno pra quem não tem vida

O anoitecer não me contagia

As estrelas são vaga-lumes sagrados

Piscam, piscam, tão somente piscam

Mesmo elas tem seu lugar no mundo

E tão só sigo meus passos

Não importa a parada

Sigo a estrada dos esquecidos

Dos que perambulam a existência

Dos dementes e dos descrentes

Há tão pouco espaço no mundo

Pra quem não sabe onde quer chegar

A cada passo dado

É um traço do passado que se vai

Mais quem não tem espaço

Nega a si mesmo a existência

E seu rumo se torna o esquecimento

E o profundo lamento de quem não existiu de verdade.

Inexistência viva.

dangelf
Enviado por dangelf em 13/03/2014
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