Inexistência
Passando por tantos caminhos
Seguindo passos sem rumo
Escondido nos braços do mundo
Nas entranhas da devassa vida
Perco meus pensamentos e sonhos
Tão cedo vem a luz do dia
E tão cego, me vejo perdido
Não há estrada que eu não percorra
Não há sombra que eu não descanse
Não há rumo que eu não siga
Sou um espectro vadio
Sou uma lápide ambulante
Não pertenço a nenhum lugar
E não há descanso eterno pra quem não tem vida
O anoitecer não me contagia
As estrelas são vaga-lumes sagrados
Piscam, piscam, tão somente piscam
Mesmo elas tem seu lugar no mundo
E tão só sigo meus passos
Não importa a parada
Sigo a estrada dos esquecidos
Dos que perambulam a existência
Dos dementes e dos descrentes
Há tão pouco espaço no mundo
Pra quem não sabe onde quer chegar
A cada passo dado
É um traço do passado que se vai
Mais quem não tem espaço
Nega a si mesmo a existência
E seu rumo se torna o esquecimento
E o profundo lamento de quem não existiu de verdade.
Inexistência viva.