Papel

No papel em branco

Liberdade

Dualidade

Me converto em verso de aurora

Ou de crepúsculo azul marinho

Salpicado de estrelas e certezas flutuantes

Sequência infinita e insana

De horizontes eternamente assustados

As letras tímidas, assim enfileiradas

Garantem acesso aos céus

Ou cadafalso para o inferno

E da milhagem de pensamentos

A síntese perplexa

Há mais sentidos no amor

Que vocabulário

Vem então as saudades

Moldadas nas nuvens

Revelam faces dos idos e presentes

Palavras nascem com a rapidez de trem-bala

Engolindo as estações da vida

Sem saber onde ir

Sem apelo de estanque

Decompondo o tempo

Até que as lembranças

Se tornem sombras quase anoréxicas

Consumidas pela presença que alucina

Na confissão das rimas

O ponto final é meu pouso.