INTENSA
Eu sou prima-irmã
das coisas acesas
daquelas que ardem
mesmo que sejam
contra a natureza
Meus pavios
ainda se derretem
em todas as velas que queimam
por sobre as mesas
nas ceras sobre as pernas
nos castiçais-corpos
emoldurando os favos, as fomes
veementes
Eu não gosto do meio-termo
mas aprecio a delicadeza forte
a sensibilidade que deve ser inteligente
pra que você se molhe e entenda
que minhas águas são jatos quentes
corredeiras ardentes
tempesatades quietas
que batem na pele e rasgam
lavam, marcam as asperezas
Meu verbo preferido
ainda é a carne
mastigá-la até que fique moída
pela minha boca de ferro
assim encerro
essa mordida intensa
ainda que doída