Campa minha
Se a poesia está em mim
Quero morrer em poesia
Fechar a tampa com classe
Deitar-me com fidalguia
Se a poesia vira pó
No pó encontrarei poesia
E da campa calma e sem tampa
Quero apreciar a luz do dia
Se a poesia estiver na morte
Com um pouco de sorte
Morro de tanta poesia
Pode ser romântica ou parnasiana
Simples, rebuscada ou sacana
Basta exalar poesia
E no silêncio do sepulcro sombrio
Estarei ao relento sem sentir frio
Lendo Florbela por toda a noite
Jamais acordando, relendo Rimbaud
E todos os mestres da Academia.