A Mascára
A máscara de pele morta cobre meu rosto
tortuoso é o desgosto de viver na hipocrisia,
sinto o repudio consumindo minhas entranhas,
gotículas de chuva regadas com sangue escorrem
em meu rosto: funesto, imóvel, abominável!
O eterno beijo da morte adorna meus lábios,
sinto o cheiro da putrefação em meu olfato
vejo meus sonhos sendo mortos por cada golpe outorgado,
Sentirei prazer em ouvir seus gritos, degustarei
lentamente do tutano de seus ossos e sangue
E de cada pedaço seu, que a mim será cedido,
A máscara cria vida e vida agora é a hipocrisia
De tanto usá-la comecei a senti-la viva,
não me sinto mais eu mesmo, me sinto ermo e me sinto
morno me sinto morto e consumido,
A simbiose do que sou e de quem nunca fui
agora é a mesma, meu ser foi assimilado pela anárquica beleza,
e a pele morta agora é viva em mim, sendo um só deste momento
até o meu decrépito fim,
A máscara de pele morta esta me enclausurando,
enjaulando minha verdade face, contendo toda minha
sanidade, me tornando um escravo débil e um ser humano
mais feliz e aceitável.