Sobre as faces do mar

Oh mar tranquilo, conte o teu segredo

Me mostre como faz para viver

Com tanta vida dentro de você.

De onde vem essa virtude de amar

A quem teu corpo usa só como um lar?

Como consegues não ter nenhum medo?

Oh mar revolto, conte o teu segredo!

Sei que também cansa de ser quem é,

Oh mar cruel! Sei que também tens fé.

Só que também cansa muito esperar

Que volte aquele tempo em que eras mar

Tão claro como o sol de manhã cedo.

Sei que por isso se revolta e chora

As tuas ondas sobre as duras pedras,

Na busca vã de reverter a lepra

Que lhe arrancou toda a felicidade:

Essa mecânica e feliz cidade,

Dona daquele que mais o devora!

Marcel Sepúlveda
Enviado por Marcel Sepúlveda em 11/03/2014
Código do texto: T4724324
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