Sobre as faces do mar
Oh mar tranquilo, conte o teu segredo
Me mostre como faz para viver
Com tanta vida dentro de você.
De onde vem essa virtude de amar
A quem teu corpo usa só como um lar?
Como consegues não ter nenhum medo?
Oh mar revolto, conte o teu segredo!
Sei que também cansa de ser quem é,
Oh mar cruel! Sei que também tens fé.
Só que também cansa muito esperar
Que volte aquele tempo em que eras mar
Tão claro como o sol de manhã cedo.
Sei que por isso se revolta e chora
As tuas ondas sobre as duras pedras,
Na busca vã de reverter a lepra
Que lhe arrancou toda a felicidade:
Essa mecânica e feliz cidade,
Dona daquele que mais o devora!