Poema de segunda

Poema de segunda é tosco, direto, prático,

poeira e labor, portanto, é menos estético;

perdendo, por óbvias razões o viés, lúdico,

para isso, o dia útil é inútil, pesado e crítico;

não que, dever seja assim um algoz, sádico,

mas, o peso martela e deixa verso, módico;

que se ousa exposição queda assim, tímido,

como criança acanhada, diante do médico;

os arranjos se arrastam qual voz de bêbado,

distantes do vigor que tiveram, no sábado;

nem de longe o novo feito é então, análogo,

como lá dom e inspiração travaram diálogo;

poetar nas segundas é uma teimosia única,

fragmentam–se as ideias nu’a faina inglória,

nem algozes de Cristo fizeram com a túnica,

guardaram inteira, sortearam, diz a história;

sei que colcha de retalhos também é cálida,

porém, pra estética das letras quase trágica;

pois, o que dá para a arte sua carreira válida

são as cores do estilista na esmerada mágica...