ALICE NO PAÍS DAS ARMADILHAS
Nasceu tão pobre que nunca soube o que era ser pobre
Nasceu em casa e nunca saiu da pequena vila
Nunca leu nada, não aprendeu o que é ser nobre
Seu único brinquedo era a argila
Esculpia maravilhas com perfeição
Por puro instinto criava formas que nunca vira
Notava-se um chamado, um dom, a vocação
Em seu trabalho estavam presentes o amor e a ira
Após morrer com oitenta anos de idade
Foi descoberta, reconhecida e idolatrada
Como explicar tamanha genialidade
Levando uma vida tão desgraçada
Jamais chorou e não houve momento em que sorrisse
Não teve enterro, funeral nem despedida
Nasceu Alice, cresceu Alice e morreu Alice
Mas a esperança foi perdendo ao longo da vida