ALICE NO PAÍS DAS ARMADILHAS

Nasceu tão pobre que nunca soube o que era ser pobre

Nasceu em casa e nunca saiu da pequena vila

Nunca leu nada, não aprendeu o que é ser nobre

Seu único brinquedo era a argila

Esculpia maravilhas com perfeição

Por puro instinto criava formas que nunca vira

Notava-se um chamado, um dom, a vocação

Em seu trabalho estavam presentes o amor e a ira

Após morrer com oitenta anos de idade

Foi descoberta, reconhecida e idolatrada

Como explicar tamanha genialidade

Levando uma vida tão desgraçada

Jamais chorou e não houve momento em que sorrisse

Não teve enterro, funeral nem despedida

Nasceu Alice, cresceu Alice e morreu Alice

Mas a esperança foi perdendo ao longo da vida

Sigmar Montemor
Enviado por Sigmar Montemor em 02/05/2007
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