Às Mulheres
Autores alegres a bem dizem,
Não sabem o mal que fazem.
Elogiam a Lilith, a perdição do homem
Que figura em poesias, sambas e prosas.
Mas, no fim, todos já se entorpeceram,
Com o ópio de Augusto Branco,
E, feito presos fustigados, se arrependeram
De terem, um dia, tocado no bíblico fruto.
Fruto de tudo, Fruto da vida, a maçã proibida.
Mas, enlevado pelo surreal perfume,
Reconsidero, Recalculo e ela assume
A mórbida imagem divino-afrodísiaca,
Melo-interpreta o nosso lítico romance,
E o autor cai na sua Decadence Avéc Ellegance
Reconheçamos as lutas, as Marias.
Reconheçamos algo além do sexo carnal.
Reconheçamos aquelas das quais somos crias,
Lutemos contra a violência doméstica e banal,
Sobretudo, reconheçamos que não há poesia
No sangue da fêmea, da imortal amásia.