“Eu sei que vou te amar”

Em cada verso sufocado

E na ilusão de uma noite de lua nova

O milagre do retorno

O tempo

A sombra

O contorno

E uma pétala

Entre as bocas

Em mármore

A eternidade de um

Bem tão desmedido

***

SONETO XLIII - COMO TE AMO? (de Elizabeth Barrett Browning)

Sonnets from the Portuguese, Sonnet XLIII

NA TRADUÇÃO DE MANUEL BANDEIRA:

Amo-te quanto em largo, alto e profundo

Minh’alma alcança quando, transportada,

Sente, alongando os olhos deste mundo,

Os fins do Ser, a Graça entressonhada.

Amo-te em cada dia, hora e segundo:

À luz do Sol, na noite sossegada.

E é tão pura a paixão de que me inundo

Quanto o pudor dos que não pedem nada.

Amo-te com o doer das velhas penas;

Com sorrisos, com lágrimas de prece,

E a fé da minha infância, ingênua e forte.

Amo-te até nas coisas mais pequenas.

Por toda a vida. E, assim Deus o quiser,

Ainda mais te amarei depois da morte.

NA TRADUÇÃO DE LUÍS EUZÉBIO:

Como te amo? Deixa-me contar os modos.

Amo-te ao mais fundo, amplo e alto que

Minh'alma pode alcançar, além dos limites visíveis

E fins do Ser e da Graça ideal.

Amo-te até ao nível das mais diárias

E ínfimas necessidades, à luz do sol e das velas.

Amo-te com liberdade, como os homens buscam por Justiça;

Amo-te com pureza, como voltam das Preces.

Amo-te com a paixão posta em uso

Nas minhas velhas mágoas e com a fé da minha infância.

Amo-te com um amor que me parecia perdido

Com meus Santos perdidos - amo-te com o fôlego,

Sorrisos, lágrimas, de toda a minha vida! - e, se Deus quiser,

Amar-te-ei melhor depois da morte.

NA TRADUÇÃO DE SÉRGIO DUARTE

Como te amo? deixa que te conte:

Amo-te quando em largo, alto e profundo

Minh'Alma alcança, se fugindo ao mundo

Busca a origem do Ser, da Graça a fonte.

De dia, ou quando o sol cai no horizonte,

Amo do mesmo amor cada segundo:

O puro amor modesto em que me inundo,

O amor liberto de quem ergue a fronte.

Eu te amo com a paixão que conhecera

Nas velhas dores, e com fé tão forte

Como a da infância; o amor que se perdera

Com minhas crenças; te amo no transporte

Do pranto e riso, e apenas Deus quisera

Mais te amarei ainda após a morte.

NA TRADUÇÃO THEREZA CHRISTINA ROCQUE DA MOTTA

De quantas formas eu te amo? Deixa-me contá-las.

Amo-te profunda e largamente, e tão alto quanto

Alcança a minha alma, quando perco de vista

Os propósitos do Ser e do ideal da Graça.

Amo-te tanto quanto as menores necessidades

Do dia-a-dia, seja à luz do sol ou à luz de velas.

Amo-te livre, como os homens lutam pelo Direito;

Amo-te de modo puro, como afastam o Elogio.

Amo-te com a paixão que tenho pelas

Minhas tristezas mais antigas, e com minha fé infantil.

Amo-te com um amor que pensei ter perdido

Com os santos que perdi… Amo-te com o alento,

Sorrisos e lágrimas de toda a minha vida!… e, se Deus quiser,

Irei amar-te ainda mais depois que eu morrer.

O ORIGINAL

© ELIZABETH BARRETT BROWNING

(Sonnets from the Portuguese)

XLIII - How Do I Love Thee?

How do I love thee? Let me count the ways.

I love thee to the depth and breadth and height

My soul can reach, when feeling out of sight

For the ends of Being and ideal Grace.

I love thee to the level of everyday's

Most quiet need, by sun and candlelight.

I love thee freely, as men strive for Right;

I love thee purely, as they turn from Praise.

I love thee with the passion put to use

In my old griefs, and with my childhood's faith.

I love thee with a love I seemed to lose

With my lost saints, - I love thee with the breath,

Smiles, tears, of all my life! - and, if God choose,

I shall but love thee better after death.

Referência

A voz da poesia falando ao coração

Disponível em: <http://www.avozdapoesia.com.br/obras_ler.php?obra_id=10661&poeta_id=245 > Acesso em: 6 de mar. De 2014