A estrada.
Percorre esta estrada do meu fim
e desviando intempéries do caminho,
cruza nela por tudo o que depositei:
meus loucos sonhos, minhas lembranças,
e o que restou das pobres esperanças.
Escondidos vão ficar meus pensamentos
como perdidos estão os tênues momentos.
Passa por mim em tua rota,
por sobre a história que deixei ali,
e recolhe as emoções que eu quis roubar
na fuga de ilusões nascidas só em ti.
Estou cansada de ser a minha derrota,
e nada ver no infinito do teu olhar.
Onde posso amanhecer neste meu viver,
se o sol nasceu e não raiou por nós,
e o vento soprou forte para nenhum lugar?
No céu, o horizonte tornou-se incolor e
as nuvens ao redor cobriram a tua voz.
Sou entardecer na minha própria vida,
oculta em saudades no escuro emaranhado
da noite que abrigou-se no meu ser.
Leva daqui, agora, minhas desditas
e, bem onde não me quiseste ver,
na nossa estrela que não vai brilhar,
fica com meu desejo imenso de te amar.